O NATAL DOS OUTROS
Ainda não refeitos da consoada
continuam a passar
pelos sem-abrigo
como se fossem nada.
Soltam-se os gases do exagero
tal a gulodice do
último dia e agora choram
por se verem sem dinheiro.
Logros e grandes cenas
fazem muita gente pensar
que são uns santos
quando tudo não passa de enfisemas.
É vê-los nos hospitais
com ataques de alergia
que os fazem parecer
aos olhos descomunais.
A abarrotar pelas costuras
vão para os bares mostrar
seus enormes apêndices
todos cheios de trôpegas finuras.
Alguns meninos sujos
acercam-se de uma mesa
pedindo algo que comer
soltam-se os risos dos ditos cujos.
Não os acheguem a seus meninos
de face bem rosada
podem pegar a doença
dos cretinos.
E mais uma vês tudo na mesma
mais um Natal
mais uma discriminação
para juntar à enorme resma.
E as sobras vão para o lixo
para não terem de dividir
com os andrajosos
andando de nicho em nicho.
O costume Natalício
é ter para si e compartilhar
e não ser apenas
mais um desperdício.
Jorge Humberto
26/12/09