A SINA DO SINO
Blém, blém...
Todos os dias,
À mesma hora,
O tedioso som estridente,
O rotineiro vai-e-vém do badalo atraindo os fiéis,
Que seguem em marcha para o lugar-comum;
O mesmo sermão,
A mesma prece,
A mesma crença,
Amanhã, talvez...
O NATAL chega!
E o sino o anuncia cumprindo resignadamente sua sina;
As pessoas comem, bebem
Esquecem que a fome tortura os esqueletos-vivos Africanos.
Elas se cumprimentam, se abraçam
E ignoram que o oriente degladia com o ocidente;
As pessoas riem, se divertem;
Não atentam para a injustiça e miséria que as cercam;
Porque acreditam;
E o sino bate;
O operário crê;
E o sino replica:
Blém, blém... quem sabe no ano que vem...
Ora, bolas!
Cada um tem sua sina.