Poema - Versos de um mesmo adeus
Poema – Versos de um mesmo adeus
Eu já estava cansado
Era como se existisse um vazio em meu peito
Uma saudade, um buraco, um tumor
Que se expandia na minha alma
Um abismo tão profundo
Aonde nasciam flores cobertas de sangue
Regadas por amarguras, traumas e demência
Eu não podia ser alguém normal
E fingir que não estava morrendo aos poucos
Mas eu tentava...
Como se Cristo a cada martelada
Nas suas mãos cheias de feridas
Fosse obrigado a sorrir
Como se a dor e o ódio
Não estivesse consumindo sua alma
A diferença Poética
Entre Cristo e eu
É que as suas feridas foram cicatrizadas
Pelo seu pai Celestial
Enquanto as minhas feridas
Transformam-se em ninhos de baratas
No qual os vermes criam a sua própria religião
E o Deus de toda esta putrefação angustiante
É um homem insano e triste
Que adoece todos os dias...
Não há ninguém que possa me salvar
Ou tampouco compreender os meus martírios
Ainda que no ápice da minha decadência
Eu tente todos os dias
Demonstrar ao mundo
Um pouco de humanidade
Se toda a filosofia humana
Fosse baseada nos pensamentos
De um suicida
Hoje não teríamos livros capazes
De ensinar sabedoria ao mundo
Tudo que eu escrevi
Tudo que eu recitei
Todas as metáforas, poesias e filosofias
Podem ser resumida em uma única pintura
Um homem triste e cansado
Enforcado em sua sala de estar
Com um sorriso estampado em seu rosto..
- Gerson De Rodrigues