Eu odeio a poesia!

Poesia para que?

Para eu gritar o que tem aqui dentro?

Para transbordar minhas dores e rancores?

Para ensanguentar o meu lamento?

Para lagrimar os meus temores?

Vão dizer que é ucronia

Mas, eu odeio a poesia!

Nem me atrevo a fazer

Escrever minhas emoções para outra pessoa ler?

Nada a ver!

Eu não me atrevo a escrever poesia

Pode ser de noite, de tarde ou de dia

Prefiro morrer, estragar meu eu por dentro

Do que através de versos expressar meus sentimentos

E pior, quem é que sabe ler poesia?

Sempre gostam da sonoridade da rima final

Mas isso é tão banal

E os detalhes e as entrelinhas?

Dão parabéns até se rimar

Estrelas com galinhas

Longe de mim ser poeta

Sentir a vida ao avesso

Ter a mente inquieta

E nunca ter o que mereço

Longe de mim falar em rima

Ter emoção como matéria prima

Ter um mundo perdido em cada esquina

E morrer metafórico depois de entortar o dedinho numa quina

Longe de mim essa maldição de ser poeta

Aquele que faz da vida divã

Que dança com a morte e com ela flerta

E volta para casa apenas de manhã

Eu quero que a poesia seja assassinada

Não serve para nada essa grande baboseira

Para qualquer ser humano é uma grande besteira

Um grande vazio e um eterno nada

Longe de mim querer viver com a poesia

Ela se disfarça com cada ironia

Confunde aquele que atento lê

Deixa tudo caótico antes mesmo de você perceber

Maldita seja a poesia

Com seus regozijos sujos

E todos os seus subterfúgios

Perdidos em anacronia.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 17/08/2021
Código do texto: T7323043
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