Poema – A Filosofia do nada
Poema – A Filosofia do nada
Como um rato
Que se alimenta das fezes
De homens e mulheres
Que repudiam sua existência
Sou Lázaro e Cristo
Deitado sobre os restos podres da humanidade...
Há dias em que me sinto um parasita
Um verme, a criatura mais repugnante deste planeta
E Nestes dias
Quando toda a fé e esperança
Esvaem-se da minha alma
Esta alma que há muitos anos eu vendi
E que hoje tornou-se a minha
Mais obscura recordação do que eu fui um dia
Isolo-me em meu quarto escuro
Cercado pela solidão
E lá naquele intimo e particular momento
Posso ser eu mesmo
Nunca acreditei nos Deuses
Tampouco acreditei no que os Filósofos
Chamavam de Felicidade ou Razão
De Kant a Buda
Repudiei os seus nomes tal como o Diabo
Repudiou as feridas de cristo
Expostas sobre o sol Escaldante de Jerusalém
A Filosofia morreu
Quando os homens decidiram que as suas crenças
Superariam as suas enfermidades
Então os sábios
Desceram das árvores como verdadeiros primatas!
Com os seus dedos sujos e livros empoeirados
Apontaram uns para os outros
Dizendo como deveríamos viver
Hoje
Todo homem ou mulher
Que algum dia Filosofou sobre a vida
Compartilha com a terra
Os seus vermes no recanto do nada
Apodreceremos com ratos
Mastigando nossas mandíbulas
E baratas vivendo nas nossas entranhas
Deixaremos neste mundo somente a miséria
Nossas doenças incuráveis
Nossos Deuses de mentira
E a vã filosofia humana
Algum dia cessaremos este teatro de apedeutas
E coletivamente nos enforcaremos
Sobre túmulos cavados pelos nossos próprios filhos
Somente a morte
Livrará os ratos de se alimentarem das nossas fezes
Para que possam finalmente se alimentar das nossas Almas
Que a morte atenda os meus pedidos
Meus sacrifícios em cada um dos versos
Que dediquei ao seu nome
Sepultando cada homem, mulher ou criança que pisou neste planeta
Nos livrando da miséria do existir
Do cansaço da vida
Das lágrimas dos olhos
E da praga de ter nascido!
- Gerson De Rodrigues