Poema – Melancolias vindouras de um ano qualquer
Poema – Melancolias vindouras de um ano qualquer
Toda a cocaína
Todos os copos de Whisky
Toda a droga corroendo o meu corpo
São os vestígios de uma loucura
Que durante anos venho alimentando
Se eu não fosse este verme suicida
Jogado no meio fio
Com o corpo repleto de vômito
O que me restaria?
Além de uma carta suicida embaixo
Dos meus pés (...)
Penso todas as noites em como eu vim parar aqui
Como estas Poesias transformaram-me
No ser lírico que o Diabo sempre sonhou
Talvez eu só esteja condenado
A sofrer e chorar
E ser descartado como um lixo
Por cada individuo
Que se aproximou de mim
É tanta dor
Que sentar na cama abraçado ao travesseiro
Chorando por horas e horas
Ainda não supre todos os meus devaneios
De uma vida miserável
Se eu não conseguir me matar nos próximos anos
Consigo me imaginar sozinho e doente
No fundo de uma cama
Perdido em memórias de um passado
Sombrio e repleto de dores
Então eu te pergunto
Isso é vida?
Vivi o suficiente para saber
Que nada pode me salvar do abismo
Já busquei tratamento
Implorei por ajuda
Já amei e fui amado
Mas no final só me restaram as lágrimas
E o vazio frio do meu quarto...
Dor
Desespero
Angustias
Medo
Solidão
Carência
Me pergunto,
Por que alguém
Deveria sofrer tanto?
E não ter o direito
De tirar a sua própria vida
E ainda conseguem me dizer
que eu deveria continuar lutando?
Não veem o quão cruel estão sendo?
Mas eu compreendo vocês (...)
Suas vidas
Seus Deuses
Seu dinheiro...
A sua luxúria
As conquistas e os amores
Suas famílias
Todos vocês têm motivos para sorrir
A morte deve assustá-los, não é?
Eu estou tão desesperado
Que a morte é a única coisa
Que me resto;
Mais um ano se passou
E eu estou aqui
Trancado
Sozinho
Chorando
E esperando que algum dia
Eu consiga apertar o gatilho...
- Gerson De Rodrigues