Poema - Adolphe Nourrit

Poema - Adolphe Nourrit

Não escolhi esta vida de miséria

Tampouco esta filosofia do nada

Fui condenado aos martírios da vida

Sem que ao menos pudesse escolher o meu próprio nome

Nebulosas doses de solidão

Fizeram de mim um animal insociável

Preso nas gaiolas sujas da minha própria mente

Todos os dias recolho-me como um verme

No cantinho mais escuro daquele quarto imundo

Abraçando as minhas próprias pernas cantarolando em silêncio...

Ali,

Naquele mesmo cantinho

No recanto mais obscuro da minha própria mente

Fiz o que Pilatos deveria ter feito

Ao filho de Deus

Não sou merecedor destes versos

Ou de tudo aquilo que algum dia eu escrevi;

Estas paredes já me viram sangrar

Esses lençóis já me acolheram em momentos de surto

Toda a minha vida eu vivi aqui

Isolado do mundo

Cercado por paredes, medos, e insônia...

Quando eu me enforcar

Com estes mesmos lençóis que me acolheram

O meu espirito finalmente estará livre

Então eu cavalgarei

Até o canteiro mais sombrio do inferno

E ao lado de todos aqueles

Que expurgaram as suas vidas em um ato suicida

Irei compor as mais belas sinfonias

Para que com as nossas lágrimas

Suspensas em um raio de sol

Possamos agradecer a estrela da manhã;

Não escolhi esta vida de miséria

Tampouco esta filosofia do nada

Fui condenado aos martírios da vida

Sem que ao menos pudesse escolher o meu próprio nome...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 15/12/2020
Reeditado em 16/12/2020
Código do texto: T7136495
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