Poema - Adolphe Nourrit
Poema - Adolphe Nourrit
Não escolhi esta vida de miséria
Tampouco esta filosofia do nada
Fui condenado aos martírios da vida
Sem que ao menos pudesse escolher o meu próprio nome
Nebulosas doses de solidão
Fizeram de mim um animal insociável
Preso nas gaiolas sujas da minha própria mente
Todos os dias recolho-me como um verme
No cantinho mais escuro daquele quarto imundo
Abraçando as minhas próprias pernas cantarolando em silêncio...
Ali,
Naquele mesmo cantinho
No recanto mais obscuro da minha própria mente
Fiz o que Pilatos deveria ter feito
Ao filho de Deus
Não sou merecedor destes versos
Ou de tudo aquilo que algum dia eu escrevi;
Estas paredes já me viram sangrar
Esses lençóis já me acolheram em momentos de surto
Toda a minha vida eu vivi aqui
Isolado do mundo
Cercado por paredes, medos, e insônia...
Quando eu me enforcar
Com estes mesmos lençóis que me acolheram
O meu espirito finalmente estará livre
Então eu cavalgarei
Até o canteiro mais sombrio do inferno
E ao lado de todos aqueles
Que expurgaram as suas vidas em um ato suicida
Irei compor as mais belas sinfonias
Para que com as nossas lágrimas
Suspensas em um raio de sol
Possamos agradecer a estrela da manhã;
Não escolhi esta vida de miséria
Tampouco esta filosofia do nada
Fui condenado aos martírios da vida
Sem que ao menos pudesse escolher o meu próprio nome...
- Gerson De Rodrigues