O sepulcro
O amor às vezes é uma desgraça
Um assombro vil e infernal
Onde deleito-me com a graça
De morrer sem me sentir mal
E no meu peito o amor se agita
Causando uma dor descomunal
Ele consome, arde e crepita
Como satã, na Destruição, em Flores do Mal
Nos meus sonhos morro em meu casamento
Sob a luz de um amor que nunca existiu
E o Caos me faz seu rebento
O podre e mórbido animal vil
Não amo sequer uma flor
Quem dirá a dama perfeita
Do meu céu escorre um licor
De uma bebida maldita e malfeita
Que bebo em morte silenciosa
Enquanto cultuo o oculto
Meu amor é uma flor maldosa
Crescendo em meu infecto sepulcro.