O sepulcro

O amor às vezes é uma desgraça

Um assombro vil e infernal

Onde deleito-me com a graça

De morrer sem me sentir mal

E no meu peito o amor se agita

Causando uma dor descomunal

Ele consome, arde e crepita

Como satã, na Destruição, em Flores do Mal

Nos meus sonhos morro em meu casamento

Sob a luz de um amor que nunca existiu

E o Caos me faz seu rebento

O podre e mórbido animal vil

Não amo sequer uma flor

Quem dirá a dama perfeita

Do meu céu escorre um licor

De uma bebida maldita e malfeita

Que bebo em morte silenciosa

Enquanto cultuo o oculto

Meu amor é uma flor maldosa

Crescendo em meu infecto sepulcro.

Gabriel Cordeiro Machado
Enviado por Gabriel Cordeiro Machado em 16/10/2020
Código do texto: T7088509
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