Poema - ad mortem

Poema - ad mortem

‘’ infirmum est anima mea usque

sustinete hic, et vigilate mecum

nunc videbitis turbam, quæ circumdabit me.

Vos fugam capietis, et ego vadam immolari pro vobis.

Do Latim;

Minha alma está doente

Fique aqui e me observe

agora veja a multidão que me cerca.

Você vai fugir e eu irei ser sacrificado por você’’

Suas ultimas palavras

Foram que os meus olhos haviam mudado

Ela dizia que eu já não era mais o mesmo

E que o homem que um dia ela amou

Já não estava mais aqui

Os meus olhos profundos

Agora alimentavam um ódio

Por tudo que um dia eu já amei...

Neste ódio

Há também uma paixão

Que sufrago em meu peito e não mostro a ninguém

Todos os suicidas amam as flores

Mas casam-se com os espinhos

Deste jardim de Rosas e subterfúgios

Aonde as arvores são enfeitadas por corpos

Fedendo a sangue e enxofre

O Diabo estuprava a mãe de cristo

Com o crucifixo que condenou seu próprio filho

E que culpa teria o Diabo?

Se o condenaram as masmorras do inferno

Sem que ao menos pudesse recitar uma única Poesia;

Quando se considera

A ideia do suicídio

Cruzamos a linha

Entre a razão e o abismo

Aonde somente o fim das nossas dores

Traumas, medos, crises e paixões

Podem saciar esta sede que nos rasga a garganta

Constantemente

Visito o meu passado

E já não me reconheço mais

- Enforque-me

Para que eu não precise acordar amanhã!

Grita a criança

Que um dia viveu em meu peito

Mas a vida

Ah afogou em lágrimas

E todas as noites

Ah escuto cada vez mais distante (...)

Não há nada

que eu possa ensinar aos homens

que as baratas já não tenham feito em meu lugar

Estes olhos que veem

Navegaram pelos rios de sangue

De um inferno que eu mesmo construí

E nesta imensidão podre

Aonde as estrelas há muito tempo já se apagaram

Existem cupidos que cortaram suas gargantas

Crianças que tiveram sua infância roubada

E homens enforcados com um sorriso em seu rosto;

‘’ Agonizando nos Jardins de Getsêmani

Ressoei as trombetas do apocalipse

Como sinal de sacrifício

Mas nenhum arcanjo veio me buscar

Pois os meus olhos já não possuem

A alma de um homem

E sim de um Diabo

A escrever Poesias’’

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 03/09/2020
Código do texto: T7053823
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