Poema - Setecentos e setenta e sete e outras melancolias

Poema - Setecentos e setenta e sete e outras melancolias

‘’ A depressão nunca me incomodou

tampouco as tentativas de suicídio

elas eram como a chuva caindo pela janela

regando as flores que já estavam mortas há muito tempo

O que me incomodava

eram que estas flores mortas

me faziam acreditar que ainda existia um jardim...’’

A Minha vida era como uma metáfora

entre os desejos de Cristo em morrer pelos homens

e o desejo de Deus em afoga-los por vingança

Não havia um único dia

do qual eu não desejasse

ser o homem morto pregado naquele pedaço de madeira

Era uma mistura de Sadismo

insônia, loucura

e uma intrínseca vontade de mostrar ao mundo

as minhas dores

Amei cada segundo da minha vida

e hoje não há suicida que não queira ser eu

Olho para todas as pessoas que amei

para a filha que vi morrer em meus braços

para a mulher que amei e a vi enlouquecer

E penso; Talvez se no dia do meu nascimento

o Diabo tivesse me visitado

e me enforcado nas entranhas da minha própria mãe

Hoje

A mulher que amei

estaria viva segurando uma criança

com o seu olhar

Me odeio pelo que eu não fui

e me amo pelo que eu sou hoje

No xadrez da vida

enforquei reis e rainhas

Mas quando jogaram com a minha alma

eu era um mero peão

Servindo aos Deuses

que subjuguei insignificantes

Um escravo das minhas memórias

e arrependimentos

Sou hoje como um lunático

vivendo as fases da vida

Matando por ideologias

que tampouco acredito

Em troca de migalhas

que tampouco preciso

Com estas migalhas alimentei

meu próprio ego

inventei um novo Deus

Das cinzas deste novo Deus

me reergui perante os impérios de Thelema

Um novo homem

caminhando com as mesmas feridas

Assombrado pelos mesmos medos

sonhando com os mesmos olhos

que o colocou de Joelhos durante anos e anos

Ainda que afogado em desejos impuros

orgias e paixões

Sou a mesma criança

sentada ao lado do tumulo

do homem que eu fui um dia

Assustada e com medo

de que algum dia serei eu

do outro lado

Fedendo a whisky velho

com uma corda no pescoço

Repleto de histórias para contar

e sonhos que nunca viveu...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 08/06/2020
Reeditado em 08/06/2020
Código do texto: T6971767
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