Poema - Mateus 27:5
Poema - Mateus 27:5
Se todos os homens fossem filhos de Deus
Crucificar-se-iam, ao menos uma vez
Se todos os homens fossem imortais
Carregariam crucifixos em suas costas
Enquanto chibatadas os fariam sangrar
Se todos os homens fossem como cristo
Não diríamos em nossas últimas palavras
‘’ Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?’’
Diríamos, com a pouca fé que ainda nos resta
‘’ Oh Pai, por que me condenaste a viver?’’
Como em sonhos Poéticos
Ou o amor de Thelemitas apaixonados
O Suicídio para mim é uma oração sagrada
Rogada por aqueles que no ápice
Das suas angustias
Clamaram pelo único Deus
Que poderia escutar suas preces
‘’Oh morte, dona morte
Beijes os meus lábios frios
Que por ti clamam
Enquanto declaro para ti
O meu mais profundo amor’’
Na morte...
Encontrarei a Poesia
A Art
E a Filosofia
Banhadas de vinho
Nos seios da mãe de cristo
Juntos em uma orgia de sangue
Escutarei seus gritos de orgasmo
Faremos desta noite infame
O dia zero, do calendário sagrado
Aonde os suicidas poderão louvar um novo Deus
‘’Oh, morte
Oh, morte
Escutai-me, como escutastes
Os louvores de Cristo
A clamar mor ti’’
No dia 01 do calendário zero
Caminharemos todos com cordas em nossos pescoços
Subiremos no ponto mais alto
Que os nossos olhos puderem ver
E com um sorriso em meio aos nossas lágrimas
Nos jogaremos no eterno abismo
Que reside em nossas almas
Que a morte
Nos receba
Como um eterno sacrifício coletivo
Ao nosso novo Deus
E que este Deus
Repleto de angustias e remorsos
Por ter nos condenado a viver
Se enforque sobre o seu trono de mentiras
E que em seu cadáver
Floresçam os mais odiosos vermes
Destes vermes
Nascerá uma nova criança
A chamaremos de lúcifer
Em homenagem a estrela da manhã
Que ao contrário de seu odioso pai
Nos dará o seu mais valioso bem
O direito de tirar nossas próprias vidas
Quando quisermos
Na hora em que desejarmos
Somos criaturas doentes
Adoecendo com a vida
Que o direito de se enforcar
Traga conforto a nossas almas...
- Gerson De Rodrigues