Poema – Zolpidem
Poema – Zolpidem
Há uma estrela morta em cada um de nós
Somos almas livres
Amantes da solidão
E se um dia a morte vier me visitar
Clamarei aos Deuses
Para que ela venha somente nas noites mais frias
Pois eu a convidarei para o universo observar;
E não direi uma única só palavra
Pois nos meus olhos haverão verdades
Que jamais deveriam ser ditas
Lágrimas
Que uma vez derramadas
Hoje transformaram-se em Poesias
No brilho das estrelas
E na morte intrínseca em cada uma delas
Lembrarei da noite em que eu decidi ir embora
Deitado em meio ao vômito de uma overdose
Mal sucedida
Decidi incendiar a minha própria casa
Enquanto dormia pela última vez
Com o corpo fraco e sem forças para lutar
Caminhei me apoiando nas paredes
Derramando álcool por toda a casa
Cantarolando junto aos pássaros na minha janela
Canções compostas pelo Diabo
Atormentado por lembranças sublimes
E sorrisos vazios
Que um dia também me fizeram sorrir
Hoje aquecerei o meu
Corpo pela última vez
Cansado tomo o meu último gole de Whisky
Ascendo o meu ultimo cigarro
E naquela ultima tragada o arremesso
Em meio as cobertas
As chamas agora cobrem as paredes
Tomo meus últimos comprimidos de Fluoxetina
Com mais seis doses de Zolpidem
Meus olhos pesados já não conseguem
Reagir as queimaduras
A morte finalmente veio me visitar
Juntos assistimos o meu corpo
Corroendo-se em meio as chamas;
Ela me ofereceu um último pedido
Antes que o Diabo viesse
Ceifar a minha alma
Tudo que eu gostaria
Era admirar as estrelas pela última vez
Sonhar com um universo repleto de vida
Aonde os nossos sonhos estende-se
A novas culturas
Lembrar das vezes em que eu a fiz sorrir
Porque contei a ela que os seus olhos
Lembravam-me a constelação de Andrômeda
Mas agora já é tarde
E eu tenho que ir embora
Mas antes de ir eu tenho que confessar
Que eu não me arrependo
De queimar como uma supernova
- Gerson De Rodrigues