Poema – Vinte e sete
Poema – Vinte e sete
Quando você tem depressão
E um coração partido
Você nunca está bem
Talvez você consiga mentir para si mesmo
E para os outros
Mas no fundo?
Nós dois sabemos que as coisas nunca vão estar bem
A essa hora
Você já considerou o suicídio
Ou se apegou a pessoas que jamais seriam capazes de te amar
Por que? Você se pergunta
Por que a dor nunca vai embora?
Por que não podem me amar? Sem a intenção de me ferir
A dura realidade
É que você nunca encontrará respostas
Então você chora...
Chora por dias
Noites...
Até que finalmente a insônia vem te visitar
Seus olhos cansados já não suportam as lágrimas
Então você finalmente para de chorar
E imagina aquele abraço
Que você nunca vai sentir de fato
E se levanta mais uma vez...
Com o coração em pedaços
Vivemos por mais um dia ou dois
Sobrevivendo
Enquanto as angustias corroem a nossa alma
Até que perdemos a nossa identidade
Não nos reconhecemos no espelho
Memórias antigas
Transformam-se em um reconfortante silêncio
Que revisitamos
Para relembrar de quando éramos felizes
Tentamos esquecer a realidade da qual vivemos
Não há dor maior do que perder a si mesmo
E buscar em outros corpos um pouco de carinho
A solidão torna-se odiável
Então o que nos resta?
O Suicídio te encara
Sorrindo como um sátiro
Esperando o exato momento do qual
Iremos desistir
Não é irônico?
Acabamos nos desculpando com os outros
Por sermos quem somos
Cada faísca de felicidade
Ascende nossas chamas
Nos apegamos no primeiro sinal de luz que encontramos
Para cairmos de joelhos na escuridão
Sozinhos
No limbo...
No nada...
Até que a dor torna-se insuportável
Crises de pânico fazem você se render
Alguns dias sem se alimentar
Outros sem sair da cama
O seu quarto transforma-se em um cativeiro
Escravizando os seus sonhos e a sua alma
Então você decide abrir aquela gaveta
Que você jurou para ela
Que nunca mais iria abrir
Mas ela também foi embora
E hoje já não se importa mais
Você escreve uma carta
Com a esperança de que algum dia te entendam
Mas nós dois sabemos...
Que ninguém vai nos entender;
Colocamos ela nas nossas bocas
Como nos filmes antigos
E sorrimos
Pela ultima vez.
- Gerson De Rodrigues