Poema – Bailey
Poema – Bailey
''Do que me adiantas uma nova vida
Quando aquela da qual eu fui condenada a viver
Me limita a saudosas canções sublimes
De dor e desespero''
Trancada em seu quarto por mais
De quinze Dias
Bailey se enforcou no dia do seu aniversário
Baratas criaram ninhos e botaram ovos
Em seu crânio
Enquanto ratos imundos
Se alimentavam dos seus calcanhares
Mas ninguém havia percebido
A sua ausência no mundo
Os seus amigos festejavam ao badalar da meia noite
Ao som de músicas infames
Enquanto os seus familiares compartilhavam de sorrisos mentirosos
Mas ninguém havia percebido
A sua ausência no mundo...
Deveríamos culpar os seus familiares?
Pelas baratas em seu crânio
Ou os seus amigos?
Pelos vermes em suas entranhas
O inferno vive em todos nós
Todas as almas já foram beijadas pelo Diabo
Mas quantas delas perceberam os seus lábios?
‘’ Posso contar-lhes uma história?
Certa vez conheci Cristo em uma destas
Minhas viagens ao submundo
Ele me contou um segredo terrível
Do qual jurei jamais proclamar em Poesias
Jesus nunca se sacrificou por nós
Ele se entregou ao crucifixo
Com a esperança de que os homens
Acabassem com a sua dor’’
Bailey nunca contou aos seus Pais
Os motivos pelos quais se enforcaria
No dia do seu aniversário
Tampouco,
Perceberam a sua ausência
Na ceia de Natal
E quando um novo ano chegou
Juraram que ela estava em seu quarto
Entretida com os seus livros
Quando finalmente encontraram o seu corpo
Haviam baratas por todo o canto
Talvez...
Estas fossem as suas verdadeiras amigas
Os vermes atuaram como Deuses
Preenchendo o vazio que existia em seu coração
Dois anos depois encontraram um pequeno folheto
Em seu antigo guarda roupa
Escondido bem embaixo de uma pilha
De caixas velhas das quais ela
Guardava os seus livros e alguns antidepressivos
A carta dizia com letras
Tortas e insignificantes
‘’ Vocês conseguem se lembrar,
Da última vez que me viram sorrindo?’’
- Gerson De Rodrigues