Poema – Goétia
Poema – Goétia
‘’ O Diabo gritava pelas ruas
matem suas mães enforcadas
e ofereçam o seu sangue em meu nome’’
Cristo lamentava pelas vielas
Salvem suas mães matando a si mesmo’’
Ah...
mas quem disse que
eu escutei alguma das vozes?
Caminhei por ruas estreitas
em busca de mim mesmo;
Acordando de um
pesadelo hostil,
corri em frente ao espelho
E lá estava o homem
que durante séculos
se afugentava na escuridão
Perguntei a ele;
- Aonde estavas?
quando abracei
as minhas próprias pernas
E chorei suplicando
por sua ajuda
Em silencio
e sorrindo como um lunático
não disse uma só palavra
Mais uma vez gritei
diante do espelho;
- Aonde estavas!?
quando todos foram embora
- Aonde estavas!?
quando ninguém conseguia
me entender.
Como uma cidade devastada
pela peste negra
O silencio tomava conta
daquele quarto escuro
iluminado somente pelas
minhas lágrimas
Devastado,
supliquei de joelhos
- Eu não desejo cortes
em meus pulsos
ou cordas em meu pescoço
- Eu apenas suplico
pelo fim deste tormento
que assola a minha alma
Nós os suicidas
somos deuses que ainda
não descobrimos nossa santidade.
A Figura no espelho,
ainda sorrindo como
uma criatura do inferno
Sussurrou em meus ouvidos;
- Se os 72 demônios Goéticos
se esgueirassem pelos seus
pesadelos mais sombrios
E te oferecessem uma
saída desta prisão
Tocaria suas mãos podres?
ou buscaria refúgio nos
sonhos da vida?
Sem hesitar
toquei as mãos do Diabo
E uma canção profética
ecoou das minhas janelas
pedaços do espelho foram
espalhados por todo o quarto
Sem conseguir controlar
os meus impulsos
caminhei sobre os cacos de vidro
Amarrei uma velha calça
na parte superior
da minha janela
E me lancei no abismo
abraçando aquele que
há muito tempo eu não via
por estes olhos cegos
Sem perceber,
em uma fração de segundos
eu era a criatura sorrindo
diante do espelho
Mas
se eu sou o Diabo...
Quem é este homem triste
suplicando por ajuda?
- Gerson De Rodrigues