Poema - Asmodeus
Poema – Asmodeus
‘’ Tornei-me odioso
aos meus próprios olhos
e o que eu poderia fazer
contra mim mesmo?
Senão lançar-me
em meio ao abismo
martirizando a minha alma
- Por que não se enforca?
Gritam as vozes enfurecidas
Sem conseguir respondê-las
calo-me diante da podridão
chorando em silencio’’
A primeira vez que
eu pensei em suicídio
eu tinha onze anos de idade
Hoje em dia eu me pergunto
o que me impediu de pular
daquela cadeira?
Talvez algum tipo de
sentimento humano
ou a mais brilhante das estrelas
neste imenso vazio cósmico...
Mas aqui estou eu
sobrevivendo cada um dos
meus dias infernais
Como um rato que
se alimenta das próprias fezes
Oh claro...
eu vivi bons momentos
algumas conquistas pessoais
um amor verdadeiro
Mas nada que estivesse ao meu lado
quando as trombetas do apocalipse
ressoassem o meu nome
No entanto,
compreendo que nesta
imensidão que nos assombra
Até mesmo os deuses desaparecem
religiões antigas tornam-se poeira
jogadas em meio ao vento
Por que a minha ‘felicidade’
seria diferente?
Diante do nada que
nos afoga dia após dia
Muitas vezes me pego pensando,
não seria melhor
ser como uma barata?
Presa em um sistema religioso
com correntes nas minhas patas
e um sorriso falso em
meus dentes imundos;
Mas eu não consigo ser
como eles querem
Tampouco
desejo tal conquista
podre em meu ninho de miséria
Ainda que diante de
todo este sofrimento
Me pego vivendo dia
após dia
desenvolvendo uma apatia
em relação as pessoa
E uma profunda depressão
que só fere a mim mesmo
Eu deveria me enforcar
certo?
acabar com toda essa dor...
Cantar ao lado de Asmodeus
quando esta deprimente
criatura Diabólica
Me receber no inferno
para martirizar-me
no vale dos suicidas (...)
Então os dias passam..
As noites frias chegam
E lá estou eu
Acordado
Sozinho...
Pensando...
O que está me impedindo
de pular desta maldita cadeira?
- Gerson De Rodrigues