Poema – Culpa
Poema – Culpa
Rastejando como um verme
podre neste mundo hostil
fedendo a sangue e enxofre
Fui batizado com a saliva
do diabo e nomeado
pelos deuses
A criatura mais insignificante
deste mundo
Reúnam-se em coletivos
marchem em direção a
minha casa
Com a suas tochas
e símbolos da paz
Matem-me com violência
enquanto o meu corpo frio
debate-se em êxtase
pela dor infligida na minha alma
Arrastem o meu corpo
pelas ruas e justifiquem
tal ato com louvores e bênçãos
Caminharei
com os pés descalços
e mãos amarradas
Enquanto chicoteiam
as minhas costas
- Não tenham pena
deste homem imundo!
A dor que eu farei
senti-los se me deixarem viver
é muito maior do que
estas feridas
Eu sou a destruição deste mundo
a praga que tanto temem
em suas histórias bíblicas
A depressão já instaurada
na parte mais minuciosa
do seu intimo
As lágrimas que choram
sem saber porque
O sentimento de vazio!
a solidão que os assombra
todas as noites!
Sou o culpado por cada morte
cada ente querido enterrado
neste solo maldito
que agora alimentam os vermes
- Parem com essas orações
- Esses olhares de pena!
Continuem com as martirizações
atirem pedras em meu corpo nu
diante de suas catedrais
Acabar com a minha vida
significa viver mais um dia!
- Não querem voltar para
suas casas?
- Abraçar os seus filhos?
- Rezar para o seu Deus?
Se almejam tanto a felicidade
um sacrifício de sangue
será necessário
Diante de todos estes olhares
que me encaram
eu me declaro culpado
por suas dores
Crucifiquem-me
e atirem fogo em meu corpo
Para que nenhum milagre
caia sobre as minhas cinzas...
- Gerson De Rodrigues