Morto

Entrego-me a ti nessa noite pálida

Sucumbo à vida sem nenhum pudor

Imerso em seus ares, às cinzas vivas

Um cárcere seguro, mas cheio de dor.

A revoada dispersa em tua direção

O gole mortífero e o sangue amargo

A vista solitária da esquecida janela

Um percurso longo e o último trago.

Cânforas, incenso, lírios, enxofre

Abismos internos como furacões

Risos contínuos no andar de baixo

Verdades, mentiras, caos, ilusões.

Pulsos cortados, pescoços, crânios

A interação melancólica e sentida

Vias complexas cujo fim se espera

A página amarela por eles não lida.