Poema - F33.3

Poema - F33.3

A Humanidade chorou por cristo

mas nunca derramou

uma só lágrima pelo Diabo

E do que adiantariam as suas lágrimas?

sentiriam as chamas do inferno a queimar o seus rostos?

compreenderiam o vazio do mundo?

Se um homem com uma corda

em seu pescoço

te demonstrasse um sorriso

Enxergarias a morte

em seus olhos?

Eu caminhei por ruas lotadas

gritando como um louco

mas ninguém parecia escutar

os meus tormentos

E não me venham com falsas

promessas de amor

Ou poesias baratas

de poetas que nunca escreveram com sangue!

Não quero a pena dos tolos!

ou compaixões mentirosas

Eu só quero compreender

como a humanidade caminhou sobre a terra

sem perceber que estavam caminhando no inferno;

Sinto-me um parasita

em meio ao ratos

Jogado na sarjeta

pelos deuses hostis

Condenado a uma solidão

tão fria

que até mesmo as almas mais solitárias

chorariam ao me ver

Pergunto-me

todas as noites

Enquanto assisto por janelas vazias

o meu suicídio

- O que seria do meu corpo

se não fossem as cicatrizes?

- O que seria da minha alma

se eu já não estivesse morto?

Quem é este homem

que eu encaro no espelho?

O Reflexo de um Deus?

ou de um anjo caído?

A solidão

da qual eu mesmo me condenei

sempre foi a forma mais terrível de me suicidar

E eu não vou mentir!

sempre amei as dores do abismo

Imerso na miséria como um homem insano

rindo como um sátiro na cara dos deuses

Enquanto o meu corpo sem vida

balançava em meio a um quarto escuro

Aqueles momentos de dor

faziam do nada que eu sou

um santo sobre os vermes!

Então eu repito

com os olhos cheios de lágrimas

e as mãos tremulas

- O que seria de mim

se não fossem as cicatrizes?

Um nada!

os devaneios solitários

de uma criança morta

Cujo os sonhos

morreram nos ventres

da própria mãe;

Um homem condenado

as chamas do inferno

pode amar um anjo?

Ou um anjo

poderia amar um demônio?

Quando a morte vier me encontrar

não chorem sobre o meu túmulo

tampouco clamem ao seu deus por misericórdia

Apenas lembrem-se do meu nome

quando as suas paredes

estiverem manchadas de sangue

Eu não sou cristo

Mas fui crucificado em meu nome!

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 13/04/2019
Código do texto: T6622884
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