Poema - F32.3

Poema - F32.3

O sangue que escorre das suas vísceras

é a morte de todas as suas convicções?

Ou os devaneios sinceros

de um suicídio inevitável?

Não tentem me salvar!

se afastem de mim

deixem que eu apodreça na minha própria miséria

Se me ouvirem gritar

tampem os seus ouvidos!

Escondam-se em suas igrejas

reúnam-se em coletivos

amem uns aos outros

Mas eu imploro de joelhos!

Deixem que eu me enforque

em meu quarto sozinho

Quero sentir a agonia do suicídio

curando cada ferida que existe em meu peito

Como ousam!?

como ousam me chamar de louco?

ou zombar das minhas dores

Nas poéticas maravilhas

deste assombroso universo

ansiedades e vertigens

me torturam a cada segundo

Enquanto o resto de vocês

reúnem-se

cantam e dançam!

Alguma vez já sentiram ódio

por suas próprias vidas?

Não me venham com as suas conclusões!

não me digam que existe uma cura

ou que eu devo fazer isso ou aquilo

Somente a solidão

pode compreender a minha dor

No meu quarto recluso

eu sou judas a cuspir heresias

Querem me impedir de matar os seus filhos

com poesias escritas em sangue?

Então joguem o meu corpo aos cães

ou me coloquem em camisas de força

A minha alma é uma estrela em chamas

que brilha mesmo quando o fogo já se apagou

Eu sou o filho bastardo

de um futuro que nunca aconteceu

Nunca fiz parte deste mundo

não pertenço a esse teatro de mentiras

no qual riem os Deuses

e choram os homens

Estas mascaras que colocam

todos os dias

O amor que sentem

uns pelos outros

As armas que usam para

matar aqueles que odeiam

Os Deuses! Sim os Deuses!

pelos quais curvam seus joelhos imundos

A ajuda que me oferecem

a religião que me cospem na cara

Os remédios que tomam

e dizem que eu devo tomar

Até mesmo o ar que respiram

ou mundo pelo qual caminham com seus

pés sujos de sangue

Este teatro de almas vazias

que chamam vulgarmente de mundo

É um lugar do qual eu nunca pertenci!

tampouco desejo pertencer

Quando encontrarem o meu corpo

dependurado com vermes a se alimentarem

dos meus despojos podres

Não chorem...

pois se enxergas apenas um homem morto

continuas cego diante da verdadeira tragédia!

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 20/02/2019
Código do texto: T6580102
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