Poema – Lágrimas de quem nunca chorou
Poema – Lágrimas de quem nunca chorou
Oh Noite
musa dos meus devaneios
o sonho inquietante de uma criança solitária
Que o seu manto frio
sirva como um cobertor aos vermes
que se alimentam do meu cadáver;
A minha alma
vagou até o meu passado
sentou-se ao meu lado na minha velha infância
E proclamou palavras
que não deveriam ser ditas
a nenhuma criança
- Por que nasceste?
Oh praga imunda!
Me matei aos dez anos de idade
e até hoje eu posso ouvir
os meus gritos de desespero
Eu sempre fui uma criança maldita
olhavam-me como um monstro
que desejavam matar
Isolavam-me dos outros
como uma praga que corrói
as entranhas dos santos
E fazem das freiras
ninfas perversas
Ah tanta dor em mim
dores que eu nem mesmo sei explicar
E estas dores
que me fazem sentir e chorar
são parte de quem sou
forças que me ajudam a lutar
Rasguei os meus punhos
na frente de todos os deuses
e os afoguei em meu próprio sangue
Agora os seus filhos
recitam os meus poemas
sobre o túmulo dos seus pais
Sintam em meus versos
a minha dor!
Deixem que o diabo
que vive em seu peito
destrua o que restou das suas vida
Transformando-os nos sonhos
de um futuro que nunca aconteceu
Nas harmonias poéticas
destas metáforas
há verdades tão cruéis
Que fariam de Pilatos um santo
e de Cristo o próprio Diabo
Se os meus poemas são gritos de ajuda
e as suas leituras pedidos de socorro
Então deixem-me morrer em seu nome
derramem sobre o meu cadáver
todas as suas dores
Dancem com as bruxas
sobre o luar da meia noite!
Sintam o pecado fluir em seu sangue
como os vermes que se alimentaram
dos despojos podres de Cristo
Deixem que a minha loucura
infecte a sua alma
e mate o seu espirito
Viajei entre galáxias vivas
cheias de vida
mas somente na morte das estrelas
eu encontrei a mim mesmo
Eu não sou um homem!
tampouco um Poeta
Eu sou a miséria que vive em seu peito
e o suicídio de todas as suas convicções!
- Gerson De Rodrigues