Poema - O Suicídio de um homem santo
Poema - O Suicídio de um homem santo
A Minha vida é uma metáfora
para um suicídio inevitável
escrita com o sangue dos poetas mortos
Como podem me tirar o direito
de acabar com a minha própria vida?
Pergunto-lhes indignado!
negarias o remédio da cura
de uma enfermidade terrível
a um homem doente?
Não!?
então por que negam a mim o direito de morrer?
Do que vale um sorriso?
se a minha alma chora em tormento...
Nos devaneios da minha mente insana
viajei até o paraíso ao lado de Cristo
e lá estava Deus
enforcado em suas próprias tripas
Com uma carta ensanguentada em seus pés
que dizia;
- Me perdoem por condená-los a viver
Cristo chorava aos pés sujos do seu próprio pai
e as suas lagrimas tocaram o meu coração
o homem que antes era santo,
agora clamava por perdão
As dores em seu peito
eram mais cruéis do que a da crucificação
suas bocas pálidas e tremulas me diziam;
- Não me deixe cair em tentação
Eu fiquei completamente sem reação
não deveriam ser os homens a clamarem
aos deuses por perdão?
Olhei em seus olhos
e vi a mim mesmo
gritando em desespero
enquanto homens pregavam as minhas mãos
A Minha melancolia
é como uma metamorfose
há dias em que ela é parte
da minha essência
Há dias que ela
se transforma em demência
Como a lua que possui dois lados
a escuridão que dança com a luz
Da mesma maneira que o diabo
beijou jesus dependurado na cruz
A Minha melancolia
muitas vezes me seduz
Talvez esta seja a única
língua que me traduz
Quem dera fosse eu o homem morto na cruz!
Eu devo me suicidar um dia!
da maneira mais dolorosa possível
vivendo todos os dias
sentindo a miséria da existência
dilacerar minha alma
Como os pregos enferrujados
que dilaceraram as mãos sujas de cristo
Sim eu irei me matar!
mas apenas quando a vida
me afogar em sua miséria
até que os meus pulmões
não consigam mais respirar
Mas enquanto eu vagar por estas ruas solitárias
a minha mente irá afogar outras
em reflexões filosóficas
Até que a minha loucura
transforme a sua sanidade em demência!
- Gerson De Rodrigues