As Faces da Morte (Busca Vã)

Fiz juras de amor

No ouvido da morte

Prometi-lhe o papa

E os cardeais

Leste, oeste, sul e norte

E tudo o mais.

Mas, encontrei-a inerte,

Imersa na própria mudez:

Ainda não era a minha vez.

Minha língua

Deslizou por sua nuca

Encontrou-se com seu lóbulo

Na esperança que nele a volúpia

Se mostrasse caudalosa

Como numa festa, numa súcia

A pulsar um rio de sangue e glóbulo.

Porém, encontrei-a orgulhosa

Impassível, de si, senhora:

Ainda não chegara minha hora

Meus dedos

Venceram os meus medos

E apalparam teu sexo

Sem muita certeza ou sem muito nexo

Entre confuso e perplexo

Buscava a masturbação,

Mas, turbação

Era apenas o que me assaltava

Pois, imóvel, ela estava

Quieta, frígida,

Sem movimento:

Ainda não se anunciara meu momento.

Percebendo tal maldade

Sob gritos e soluço

Eu busquei pela verdade.

Ela, então, retirou o seu rebuço

Me invadiu de calafrio

E numa erupção de arrepio

Dela ouvi:

“Tu ainda não serás minha pertença

Pois saibas que a tua vida ingloriosa

Neste tempo, neste agora

És a minha maior recompensa”

E gargalhando uma cruel irrisão

Olhou-me de soslaio

Partiu como um raio

Deixando-me sozinho

Com a minha solidão:

Ainda não teria a minha redenção.

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© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

10 de maio de 2018

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 18/05/2018
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T6339459
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