Temível Escuridão

Havia somente a estrada com os postes de luz à espreita

E as noites totalmente longas com as lágrimas de desespero

A sua vida já não valia muito e a dama negra se aproximava

O caminho estava traçado, mas a coragem é o que lhe faltava.

As estrelas cintilavam belas num céu limpo nesse mês tão cinza

Muitos sorrisos se ouviam na rua pacata próxima ao portão

Muitas conversas despretensiosas entre tantas pessoas à piscina

Atrás de tudo isso ele avistava com desprazer a temível escuridão.

A mente estava confusa e a ausência deles era gélida, mortal

O vazio era insuportável e pra ele tudo era desconexo, estranho

Os convites chegavam e se perdiam no desânimo tão característico

Nada fazia sentido agora e o raciocínio era algo confuso e abissal.

Onde estão os carinhos e a presença que ele não mais vê como antes?

Por que tirou o que mais o fazia sorrir nas manhãs, desprezível destino?

Ainda jovem, mas sem forças pra seguir pelo percurso, continuar

São só cinzas em suas turvas vistas defronte ao imenso e finito mar.

Ele conta os dias para tê-los novamente na antiga casa de pilares fortes

Pois a dor já não se esconde nesse ambiente melancólico e tão hostil

Ele olha pela janela à tarde e enxerga com esforço a utópica esperança

De certa forma isso abranda o seu estado crítico, doente e febril.

O abismo ainda está nele e o tempo infinito aos poucos transcorre

Há verdades que machucam muito que não consegue mais digerir

O rio calmo de antes virou um oceano de muito rancor e amargura

Não há mãos a te socorrer mesmo que tanto peça, ordene ou implore.

Aos seus olhos as imagens boas são somente vastas e esquecidas ruínas

Há tristezas espalhadas pelos cômodos humildes, frios, empoeirados

Ainda procura nas multidões alguma mísera luz que lhe traga conforto

Resquícios de interação pra não se sentir tão vazio e às vezes morto.

Soluços e gritos internos são algo absolutamente corriqueiro e normal

Quem há de suportar os conflitos que geram discórdias e depressões?

Vê abismos incontáveis e sombras grandes nas paredes amareladas

Transtornos que se sucedem em meio ao extenso e depressivo matagal.

Em seus pensamentos o fim surge de forma bem nítida e destemida

Mas a desistência ainda grita forte em sua mente indecisa e deteriorada

A arma foi escolhida e espera apenas pelos dias negros que virão

A matéria dispersa se juntará ao monstro dócil e inocivo do nada.

Alexsandro Menegueli Ferreira 23/02/2018