Devaneiro Nº 19
O frio começa com um sorriso idiota, sombrancelhas levantadas
Meu desejo por você, é não querer mais cantar, é não se levantar
O frio é um copo de conhaque vazio, um cigarro apagado por inteiro
Faz tempo que tenho um tic, carrego a saudade no bolso
Sinto sede no frio, meu copo, minha agua e minha garganta
Pede um pouco de amor.
O frio faz lembrar a noite anterior, o pesadelo, o sonho e toda minha vontade de gritar
Uma garrafa de areia, cabelos grudados no meu caderno azul
O frio começa quando a saudade se aproxima de mim, e o lençol me abraça, numa solitude sem fim
O frio é assim, uma saudade sem fim, um vazio do tempo, do mundo e do travesseiro
Um cigarro sem companheiro, uma mar sem desespero, a cinza longe do cinzeiro
Eu ate peço pra ficar e voltar e gritar, peço pra deixar a luz acesa
Confesso que sou o medo e desejo de ser o lado oposto
O frio é quando caminho, e não vejo um poste de luz qualquer
O frio é isso que tenho no bolso, o frio é a foto que se apaga com o tempo
O frio é o tempo que consome o dedo
O frio é o medo que consome o meu tempo
O medo é o frio que congela o dedo
O dedo é o tempo que o me consome o medo