Devaneiro Nº 19

O frio começa com um sorriso idiota, sombrancelhas levantadas

Meu desejo por você, é não querer mais cantar, é não se levantar

O frio é um copo de conhaque vazio, um cigarro apagado por inteiro

Faz tempo que tenho um tic, carrego a saudade no bolso

Sinto sede no frio, meu copo, minha agua e minha garganta

Pede um pouco de amor.

O frio faz lembrar a noite anterior, o pesadelo, o sonho e toda minha vontade de gritar

Uma garrafa de areia, cabelos grudados no meu caderno azul

O frio começa quando a saudade se aproxima de mim, e o lençol me abraça, numa solitude sem fim

O frio é assim, uma saudade sem fim, um vazio do tempo, do mundo e do travesseiro

Um cigarro sem companheiro, uma mar sem desespero, a cinza longe do cinzeiro

Eu ate peço pra ficar e voltar e gritar, peço pra deixar a luz acesa

Confesso que sou o medo e desejo de ser o lado oposto

O frio é quando caminho, e não vejo um poste de luz qualquer

O frio é isso que tenho no bolso, o frio é a foto que se apaga com o tempo

O frio é o tempo que consome o dedo

O frio é o medo que consome o meu tempo

O medo é o frio que congela o dedo

O dedo é o tempo que o me consome o medo

Zózimo São Paulo
Enviado por Zózimo São Paulo em 06/05/2008
Código do texto: T978264
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