DELIRIO Nº3

Acordei longe de mim hoje, e me escondi

Fixei meu olhar nas portas, pelas quais engoliram as chaves

Busquei forçar meu olhar e transcender a madeira tosca daquela unica porta

Onde ficou as visceras da minha triste aventura, penduradas naquela maçaneta prateada

Amendrontado, correu o medo em alta velocidade pelo meu corpo

E aquele frio que desce a nuca me fez voltar e engolir novamente aquela chave

Meu par de botas sem sola, minha roupa rasgada e minha alma em retalhos

Perdi o meu escudo e a minha poção magica acabou, preciso ter medo?

Cada porta apodrece as visceras das magoas causadas ao meu bobo coração

Preciso abrir uma a uma, e deixar que os loucos as possuam, sintam o cheiro incomodo

Nessas horas, preciso beber altas doses de merthiolate, para tentar cicatrizar cada ferida

Enquanto você não aparece, preciso me esconder

E viver cada centimetro nesse escuro, como num mar de peixes-lobos

Preciso acordar e correr em direção contraria dessas portas

Preciso entregar a ultima chave que me levara a porta

Aonde mora a vida e o tumulo da solidão...

Zózimo São Paulo
Enviado por Zózimo São Paulo em 08/03/2008
Código do texto: T891933
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