Pós Ver

Ouço o pássaro morto

Na calçada dura,

Fritar sob o sol

Escaldante.

Os holofotes refletidos

Em uma poça imunda

De uma chuva passada,

Choram o chorume do lixo.

As folhas secas formam

Uma flora sublime,

Cobrindo o asfalto

Sem graça e contínuo.

No ar, o cheiro de morte.

Um morto esquecido,

Em um cômodo varejado

De moscas famintas.

Somos só restos do

Próximo amanhã,

Aguardando a desforra

Do Tempo, que nos contempla.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 03/09/2024
Código do texto: T8143618
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