Ser Pente
Ao entremear nas ondulações
Dos cabelos serpenteantes,
É quase visível as rugas nos
Trejeitos do teu jeito.
Salpica uma gota do pó
Que compõe as dunas
Desse deserto que sua
Estadia mais íntima.
No colo do crânio aberto,
Os pensamentos ecoam
Feito lobo sem matilha,
Uivando para a lua do globo
Ocular.
Raspa o mato capilar que encobre
As vistas perdidas em alto mar,
Balançando na linha do horizonte
Que corta o mundo e a carne.
— Ah, Rapunzel! Se soubesses,
Já teria pedido uma visita de
Dalila, curvado o pescoço só
Para o aparadouro da guilhotina,
Que é navalha na sua face.