Dentro de mim mora uns bichos

“Dentro de mim mora um grito./ De noite ele sai com suas garras, à caça/ De algo para amar”. (Sylvia Plath, poeta norte-americana)

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Não me venha com sermões

Com senões

Nem com comportamentos estanques

Não me retenha

Com sua manha

A noite salpica suas estrelas no manto escuro

E atiça todos os bichos

Que se agitam

Gritam

Esperneiam na prisão das morais mortais

Muito morrem dentro

Auto-mutilados

Mas alguns vazam pelas frestas

Os fortes rompem barreiras

Rasgam os peitos e vão amar vadios

Cumprir sua missão animal

Rezar nesse caminho

Dos malditos

O caminho dos aflitos

Dos poetas roucos

Dos recônditos e da entranhas

Das brechas e dos escuros

Buscam o amor

Onde sabem que não irão encontrar

Mas vão

E repetem os erros

E de tanto errar

Acertam às vezes

Dilaceram o peito

Mas não se negam

Apesar das morais

Das flechas

De ser alvo mortal preferencial dos certos.