Juro não conhecer-me,
mesmo estando tão sóbria
diante do espelho da vida.
Nem a louca transição da minha face me comove.
Olho-me espantada,
como a um livro indecifrável,
numa busca insana de resgatar algo
que se perdeu em algum sítio de mim.
Assim invento a felicidade,
sugando-a como as flores sugam o orvalho
em ledas madrugadas.
Nessa existência caduca, índole,
corrompo-me,
encurto meus passos,
assassino meus ideais na tentativa
de me achar.
Consolo-me...
Sigo em frente para não me perder
na vastidão do mundo.
Lá atrás, deixo as flores murchas;
o brilho dos olhos que já se apagou
e as vivências confinadas numa prisão sem muro.
Amargas são os grandes dilúvios de contradições,
miseráveis, loucuras várias,
como todo homem é.