Juro não conhecer-me,

mesmo estando tão sóbria
diante do espelho da vida.


Nem a louca transição da minha face me comove.
Olho-me espantada,
como a um livro indecifrável,
numa busca insana de resgatar algo
que se perdeu em algum sítio de mim.

Assim invento a felicidade,
sugando-a como as flores sugam o orvalho

em ledas madrugadas.


Nessa existência caduca, índole,
corrompo-me,
encurto meus passos,
assassino meus ideais na tentativa
de me achar.


Consolo-me...

Sigo em frente para não me perder

 na vastidão do mundo.
Lá atrás, deixo as flores murchas;
o brilho dos olhos que já se apagou

e as vivências confinadas numa prisão sem muro.


Amargas são os grandes dilúvios de contradições,
miseráveis, loucuras várias,

como todo homem é.

Ieda Alkimim
Enviado por Ieda Alkimim em 04/01/2008
Reeditado em 10/01/2008
Código do texto: T802584