Poema - F20.0
Poema – F20.0
Há dias em que as vozes falam mais alto que a razão
Eu me sinto aprisionado nas cascas de um inseto
E todas as vezes que eu penso
Em gritar e pedir ajuda
O inseto me reprime no limbo
Da minha própria insanidade
O limbo que eu mesmo criei
O limbo que eu mesmo alimentei
E ali criei víboras e demônios
Capazes de me levarem a ruína e ao suicídio
Com um único pensamento
Não importavam quantos remédios eu tomasse
Ou quão boa eram as noites de sexo e orgias
Não importava a minha felicidade
Ou as minhas conquistas
De nada importavam as coisas boas
Bastava um único pensamento
Uma única voz para me levar a ruína
Eu era um mero escravo das minhas paranóias
As vozes poderiam me destruir
Quando elas quisessem
E não havia nada que eu pudesse fazer a respeito
Afinal, o que eu faria?
Contaria aos outros
As minhas desventuras no inferno?
Se julgam a minha carne
Imaginem o que não fariam comigo
Quando descobrissem as cicatrizes da minha alma!?
Tudo que me restava era calar-se
Diante da multidão que vivia aprisionada
Na minha mente
Calado como um homem que
Já testemunhou o inferno
E os gemidos da mãe de Cristo
E assim como as vozes na minha cabeça
Que gritam e calam-se sem parar
Me apegarei ao silêncio (...)
- Gerson De Rodrigues