Poema - Biografias
Poema – Biografias
Meus psicólogos
Foram as cocainas e as putas
As cervejas baratas
As brigas de bar
E os gritos contidos no meu travesseiro
(...)
Overdoses, drogas, silicones sujos de porra
Solidão e uma doce aptidão poética
Pelo suicídio
Era como se a minha vida fosse roteirizada
Por algum destes escritores franceses
Tudo era repleto de tragédias
Que nasciam e morriam no âmago
Da minha mente insana
Tragédias poéticas que só existiam
Para satisfazer os fetiches sórdidos das vozes
Que ali habitavam
Aos poucos a solidão
Foi se transformando em Niilismo
O Niilismo em loucura
E a loucura em uma complexa sanidade
Picos de dor sórdidas atravessavam a minha alma
Ódio, repulsa, violência
A cabeça contra o concreto
Os punhos contra a parede
Madrugadas e madrugadas a dentro
Caminhando de bar em bar
Experimentando drogas, fodendo em banheiros
Voltando para casa
Não explicando a minha dor
Me trancando no quarto
Esperando não acordar
Haviam dias em que eu não saia de casa
Ficava ali trancado no quarto
Em abstinência
Escrevendo Poesias
Compondo aquilo que algum dia
Seria recitado por outros suicidas
Ah os suicidas...
Quem conseguiria compreender alguém
Capaz de tirar a própria vida
E ainda assim sorrir.
- Gerson De Rodrigues
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