Crazy!

 

Louco, tentei livrar-me da sina e suas enviesadas teias,

Deixei aquele hausto inflar as minhas veias,

Louco, rastreei teu espírito na imensidão do universo, 

Hoje, relato tal saga, rimando meus surtados versos…

 

Louco, eu saí da trilha e me embrenhei em matas feras,

E vivi disperso, imerso, no frêmito sobrepores das eras…

Louco, suporto, silente, as passagens dolentes das primaveras…

A tornar-me assíduo companheiro das incontáveis esperas… 

 

Eu rasguei o maleável e cristalino véu da sensatez,

Louco, consumi, inconsequente, tantos fármacos de uma vez,

Quis ser Dom Pedro, obrigando o ósculo, na mão morta de Inês, 

Agora, louco, espatifado, junto os cacos da perdida lucidez.

 

Louco, eu passo as horas contando os carneirinhos, 

A lamentar comigo mesmo, meus erros, meus cadinhos…

Louco, eu percorro infindos e melancólicos caminhos…

Sem nos vermos, sem nos termos. 

Espiritualmente: sempre juntos!
Materialmente: tão sozinhos!