RUBRA
Sou um andarilho de mim
Um eu errante se multiplicando
Na ideia oca, louca, delirante
Desse meu eu sim,
Depois, vejo, de repente, revejo
Pessoas deprusadas nos alpendres, a sorrirem,
Cativas, esplendorosas, inebriantes como a névoa,
Da rubra rosa dos corredores
Com velas acesas em meia luz quase tênue
Numa cor púrpura
Depois, sorrio, gargalhando, vejo-as
Descabelando como roupas voando em quintais
De repente, dependuradas nos varais secando com os raios úmidos,
Logo, se reprisando por etapa em vitrines da minh'alma
O meu mundo delirante
Com vespas voadoras em luas
Que abraçam minhas lágrimas...
Por muitas poucas escolhas em películas de tevê, me vejo
Assim, na reta, direta, incerta...
Corda bamba que samba
Na ausência de um talvez,
E, no vácuo, um raio de luz pela fresta entra em mim,
Posso imaginar-me louco de desejo
A falar de eu mesmo com lisura,
Como um tolo, rolo, bolo, bolso, botões...
Faz a fantasia vestir-me com destreza
Então, o circo aparentemente só meu,
E pelos dedos indicadores que me julgam: "Só louco"
Olho descreto, o concreto, o ateu, ateneu, eu, de eu mesmo:
"Todos me veem como o palhaço,
mas, eu estou me desmaquiando
para que conheçam minha face!"
Ó vida, lascinante como os gansos
Nos lagos de sal em afluente riso
Que de eu se rio quando voo...
Sou as borboletas num raio de opala
Que reza o dia como noite fria
Para sorrir sempre das minhas travessuras
Que me viram entre a sorte e a morte
Num desfilar de mentiras e verdades;
Desculpas, foi engano...
Assim seja o por vir.