NAU DOS LOUCOS
Morri muitas vezes em minha vida
Pensando sobre o peito o desfiladeiro
Aplacados da costura de minha sina
De invernos costumeiros de medos.
Senti o riso frouxo se desgastar
Mesmo antes que a fome falasse
As mesmas palavras a calar
O tempo líquido a se descartar.
Me envolvi em momentos dissolventes
Em agulhas e farpas sem vestígios
De lugares onde estive vivo
Remando, restando o presente.
Que não deixava o que se pronunciar
Já nem era tempo de guardar
Lembranças como restos a voltar
Caminhava num abismo absoluto.
Já não tinha mais rosto
E quando voltava a margem
A imagem que tinha
reluzia o impulso da nau dos loucos.