Cada Ver
Cada vez que vê
A sombra da catarata
Muda, os pés descascados
Descalçam a lama da angústia
Vazia que sufoca o perdido
Vício do lamento infértil.
Queima o casco na fenda
Sísmica, aprumando o
Último ato de cinismo
Cítrico. Um degustar
Áspero que revira a
Máscara macabra de
Uma cabra de má cara.
Atravessa o seu avesso
No contorno do retorno
Sem que o eterno enxergue
O mesmo. Medo de se
Perder. Perde-se o medo.
Pede se o medo se perde.
Cada ver é um cadáver.
Veja a imagem do que
Nunca foi e faça da
Lembrança uma falsa
Esperança. Esquece e
Desperta. Destranca
Os poros para polinizar
As fugas. Células-Formigas
No formigueiro que é o Corpo.
O copo quebrado é mais
Realista que o intacto.
O caco rasga a existência
Com a mesma proporção
Do fio da lâmina afiada ao
Dilacerar com suavidade o
Tecido que se chama pele.
Esfola que o racismo se perde
Nas entranhas da carne. Precisará pretender criar, Outros avatares para a sua
Perseguição doentia. Doentes são os sãos.
São Pedro, São Petersburgo, São Bernardo, Sansão. Comecemos por arrancar os
Cabelos.