Poema - Silêncio
Poema – Silêncio
“ O Diabo está arrastando a cara de Cristo
Na sala de estar
Escuto ele berrando, escuto ele chorando
Track, track, track
Os seus ossos se quebrando
- Oh pai por que me abandonaste?
Sussurrava com medo de ser ouvido
Ele sofria em silêncio
Gritávamos em silêncio
Não podíamos perturbar ninguém (...)”
Ah dias em que venho enlouquecendo em silêncio
Filmes de tortura e estupro passam diante dos meus olhos
Gritos de horror e agonia ensurdecem meus ouvidos
E eu estou lá, calado e sorrindo
Não posso reclamar, não posso dizer uma única palavra
Sufragando minhas necessidades
Escondendo minhas loucuras
Entorpecendo-me de mentiras
Uma personalidade falsa
O rei das mentiras
Eu sou Cristo e vocês os romanos
Eu sou a mão ensanguentada e vocês o martelo
O prego corroendo meus ossos
A dor rasgando minha pele
O sangue escorrendo pelos meus dedos
Gritos de dor sufragados em silêncio
Gritos de dor engasgados na garganta
Paranóias escondidas em apatia
Desejos sufragados em masturbação
Fetishes escondidos em memórias distantes
No silencio da calada da noite
Eu sou apenas mais um
Agonizando com a minha própria loucura
Assistindo a essência da minha alma
Desfazendo-se como cadáveres em cativeiros
Sempre fui o filho do Diabo
Hoje, eu não sou mais ninguém
- Gerson De Rodrigues