Poesia maldita

Esfacelo o meu peito exposto e sem suporte

Minha mente quebradiça sucumbe à insânia

A insônia cautéria me deixa sem norte

A morte alastra subcutânea

Deteriora o sentimento outrora resplandecente

O caos desgastante rebento de minha amargura

Meu coração se entrega complacente

A todo mal que me transfigura

As sombras de mim se apropriam

Tornam-me rancoroso e desgovernado

Aos infernos os demônios me mandariam

Se eu já não fosse um exilado

Andejo nas ruas, um animal sorrateiro

Navego nas águas sempre calado

Sujo-me nas espurcícias do bueiro

Do meu consciente destroçado

Encontro-me propelido nas imundices internas

Nas profundezas do meu inferno delirante

Meu inconsciente prorrompe em guerra

Não há silêncio neste pandemônio exasperante

Sigo atordoado nessa algazarra íntima

Implorando à tristeza o desapego

Da desgraça sou uma mortificada vítima

Suplicando o armistício e o sossego.