Lâmina
A lâmina entra
Na carne e rasga.
Escorre o fio
Frio de ferrugem
Com sabor de
Temperatura esquecida.
Enterra o metal frio
No corpo quente que
Gela no descompasso
Cardíaco.
Perfura o dorso e faz
Do rosto uma máscara
Grotesca.
A ponta toca o osso,
Raspa a casca da
Cartilagem rompida.
Cada estocada mede a
Melodia das vísceras
Castigadas.
No teatro da dor o
Instrumento vibra
Enquanto a mão impõe
O ritmo.