Poema - 1995

Poema – 1995

Todos os meus heróis cometeram suicídio

e daqueles que ainda vivem

o anseiam constantemente

Vivenciei os nove infernos de Dante

para que no purgatório eu encontrasse a mim mesmo

enforcado com um sorriso no rosto

Me pergunto todas as noites

se estes fossem os meus últimos segundos

eu sorriria diante da grande tragédia

que se alastra pelo mundo?

Ou buscaria no amago

da minha alma

resquícios de um homem bom

No apogeu das minhas virtudes

Das poucas que colecionei em vida

há certamente conquistas das quais eu deveria me orgulhar

Mas destas conquistas

quantas delas não foram mascaradas

por uma falsa ilusão de vitória?

Oh vida...

se soubestes o quão ingrato eu sou

Por tê-la em minhas mãos e deixa-la partir

Da vida sempre amei os pecados

e as luxúrias

Um viciado em sexo

o amante das prostitutas

Do pouco que vivi

fiz da liberdade a minha própria musa

Hoje

desconheço os meus próprios sonhos

Estes sonhos são de um homem

que morreu há muito tempo?

Ou são as minhas próprias vontades?

contidas no homem que desejo me tornar

Um suicida

sempre será um suicida?

Uma criança condenada a tirar sua

própria vida

Nós os suicidas

Somos sempre atormentados

por uma constante busca

uma constante alto realização

Há sempre um objetivo

um sonho, um amor

algo que precisamos alcançar

para sentirmos o calor da vida

Como ratos presos em ratoeiras

cavamos nossa própria cova

com as unhas

Podemos enganar nossas esperanças

mas não os nossos corações;

Muitas vezes eu me pergunto

seria o suicídio

a única forma de preencher este vazio?

Ou o suicídio foi a primeira muleta

da qual eu me apoiei?

Há um buraco em minha alma

por onde se esvaem todas as boas recordações

Os meus momentos de felicidade

são falsos e passageiros

e todos eles transformam-se em lágrimas...

- Gerson De Rodrigues

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Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 10/01/2022
Código do texto: T7426602
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