Calendário
Das páginas dependuradas
Os números prontos a se
Soltarem no correr dos dias.
O bloco roto e grosso,
Emagrece na violência
Do arrancar impaciente,
Que devora o tempo
Para esquecer da vida.
Breves lapsos contornados
Por marca-texto fraco,
Circulando as datas
Preteridas como alvos.
No fim, apenas uma única
Página, perdida nas espirais
Gastas, aguardando o fim
Derradeiro, paciente e solitária.
Solidária ao drama do presságio,
Deposita a fé do próximo calendário,
Mutilada em sacrifício ao final dos tempos.