Poema – lamurios de um homem Doente
Poema – lamurios de um homem Doente
‘’ - O horror explícito nos olhos dos suicidas
É o mesmo brilho nos olhos das crianças
Ao abri-los pela primeira vez’’
Eu sou um homem doente
Muitos dizem que há um Sátiro
Vivendo na minha alma
Outros acreditam que o próprio Diabo
Plantou víboras nas minhas entranhas
Toda estas fantasias seriam interessantes
Senão fossem pelo fato de que eu sou
Um homem Doente...
Eu sempre soube que era um homem doente
Estava explicito na minha maneira de andar
Sempre assustado com os vultos ao meu redor
E aquele medo irracional de estar sendo perseguido
Estava explicito também
Na minha convivência com os outros
Aquela timidez áspera e um tanto quanto vulgar
Distante de tudo e todos
Um monstro enjaulado
Nos cárceres privados da sua própria mente
Esta doença que sempre esteve ali
Mas que aos poucos foi se espalhando
Pelas labaredas da minha consciência
Tornou-me um homem insano
Atormentado pelas paranoias
Medos e assombrações que viviam
Única e exclusivamente dentro dos meus olhos
Estes olhos cegos que de nada
Sabiam sobre o mundo
- E o que eles poderiam aprender sobre o mundo?
Que os ratos e as baratas já não tenham me ensinado
Fui um aluno das pestes
E o professor das pestilências
Tudo que eu amei
Amei como uma mãe
Que estuprava o próprio filho
E dá o cadáver aos cães
Não mereço o amor
Tampouco compaixão
Ou cobertas quentes
Em noites chuvosas
Sou um homem doente
E a minha maldição é viver...
- Gerson De Rodrigues