Poema – Caps part 3
Poema – Caps part 3
Então o Diabo Disse
“Façamos os Poetas
A nossa imagem e semelhança
Ensine os a matar
Para que possam sentir em seus dedos
A miséria da vida
Façam-nos superior aos Deuses
Para que as suas angustias corroam os céus
Sobre o túmulo de cada criança não nascida
Existirá um Poeta para viver as suas angustias
Pequenas criaturas que movem-se arrastando-se pelo chãos
Como as baratas, as cobras e os ratos
Toda a miséria que existe neste mundo
Todo o amor consumido pelos homens
Viverá eternamente aprisionado em suas feridas
Como gritos de desespero em uma ala psiquiátrica
O Diabo então os abençoou,
E lhes disse:
“Sejam como Pilatos ou Judas e multipliquem-se!
Encham e subjuguem a terra!
Com Poesias que fariam das feridas de cristo
Meros devaneios de um homem louco’’
Trancado em meu quarto
Eu sou apenas mais um
Com sonhos inertes em camisas de força
E dores escondidas em uma demonstração de apatia
Um suicida escondendo-se das próprias feridas
Gritos de desespero ecoam da minha alma
Mas ninguém, ninguém pode me ouvir!
Eles dizem que querem salvar a minha alma
Envenenando a minha mente
Sentado em silencio
Encarando o vazio
Não sou um homem
Tampouco um poeta
Somente os resquícios podres da criança que eu fui um dia
Mais uma noite se passou
E eu permaneci em silencio
Palavras de amor manchadas com pena
Me assombram todos os dias
Há uma corrente em meus pés
Que me impede de viver
Eu poderia removê-la e correr
Em direção ao sol
Mas para qual direção fica a liberdade?
Para um homem que nunca viveu
Deitado em meio ao vômito
Eu me aqueço com meu cobertor
Velho manchado de sangue
Noites solitárias e desejos suicidas
Uma dor que não consigo explicar
Restaram-me apenas as memórias
Dos amores que eu vivi
Do sonhos que eu sonhei
Mas aqui neste quarto escuro
Eu sou apenas mais um
Com sonhos inertes em camisas de força
E dores escondidas em uma demonstração de apatia
- Gerson De Rodrigues