Bicho

Arreganha a bocarra

Com dentição afiada e

Brutal.

Brutalidade de contorções,

Comendo de dentro

Pra fora.

Delírio de carne

Que sangra pelos

Poros.

Estalam as articulações

Nos movimentos

De contração.

O falo sai da vulva

Como tentáculo de espinhos

Que saem de orifício

Dentado.

Uma máquina de

Vértebras quebradas,

Enervando o dorso

Que vai até o fosso anal.

Calabouço de prazeres

Escondidos,

Prisão que comprime

Até sufocar.

Gaiolas de ossos

Na agressão de expandir

E forçar os tendões até

O limite.

Menstruo grosso

Aderindo à pele,

Perfazendo uma

Outra camada de gente.

Bicho, Animal, Coisa.

Rodopia o crânio

Sobre o pescoço

Móvel, feito

Olhos de camaleão.

Lança a língua

Bifurcada de serpente,

Deslizando as feridas

Abertas e degustando

Os machucados abertos.

Suga o purulento

Dos seios macilentos,

Em sucção forte

Que descarna.

Se alimenta da própria

Miséria, que se renova,

Na eternidade de um

Inferno infinito.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 25/01/2021
Código do texto: T7168337
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