Bicho
Arreganha a bocarra
Com dentição afiada e
Brutal.
Brutalidade de contorções,
Comendo de dentro
Pra fora.
Delírio de carne
Que sangra pelos
Poros.
Estalam as articulações
Nos movimentos
De contração.
O falo sai da vulva
Como tentáculo de espinhos
Que saem de orifício
Dentado.
Uma máquina de
Vértebras quebradas,
Enervando o dorso
Que vai até o fosso anal.
Calabouço de prazeres
Escondidos,
Prisão que comprime
Até sufocar.
Gaiolas de ossos
Na agressão de expandir
E forçar os tendões até
O limite.
Menstruo grosso
Aderindo à pele,
Perfazendo uma
Outra camada de gente.
Bicho, Animal, Coisa.
Rodopia o crânio
Sobre o pescoço
Móvel, feito
Olhos de camaleão.
Lança a língua
Bifurcada de serpente,
Deslizando as feridas
Abertas e degustando
Os machucados abertos.
Suga o purulento
Dos seios macilentos,
Em sucção forte
Que descarna.
Se alimenta da própria
Miséria, que se renova,
Na eternidade de um
Inferno infinito.