Luto
O luto luta contra
O acontecimento.
Lupa que registra
Apenas um foco
No desespero
Do olhar vidrado.
As páginas
Passam em branco
No livro da morte.
O registro
É a memória
Que se faz
Cárcere.
Balbuciando
Recordações
Defasadas.
Ausência presente
Que se comada
De forma
Incômoda.
Na cabeceira
A cabeça pende
Ao contemplar
O abismo que
O chão reflete.
Duro solo
Que marmoriza
O sentir.
Quase é o
Apego
Daquela
Sobra residual.
Vagando por
Dias iguais,
Com tempo
Eterno.
Mas a eternidade
Só dura uma vida.