Oblíqua
No trançado entre as pernas
Pende os cabelos alongados
Da espera de um ventre
Deformado.
Pelas entranhas estranhas
Da carne que grita das suas
Costelas quebradas
Como bocarra de cetáceo.
A fúria dos olhos de serpentem
Que escarifica as órbitas oculares,
Como agulhas espetando
As pupilas para tatuá-las.
O medo é de não mais sentir
Esse pânico de estar contigo,
Um pesadelo inebriante
De motivos antropofágicos.
O corpo é carcomido pelo
Traçado de suas mandíbulas-traças,
Que digere e expele os restos
Inaproveitáveis desse sujeito-lixo.
Teu sexo guilhotina memórias-fálicas,
Esculpindo o teatro da carne sobre
O fóssil do patriarcado corroído
Pela sua própria inutilidade.
Nos teus seios o licor de sangue
Visceral que transborda em jorros
De carne decomposta,
Criando a fonte de morte-viva.
Peça a peça, esquartejando,
Pedaço a pedaço dos falsos
Organismos centrados.
Fragmentando o mundo aos seus pés
Com salto fino que irá pisar no olho do absurdo.