Pêndulo

Rasgo e escorro,

Pendurado em

Um fio de carne.

Corro pelo veio

De sangue.

Antes do próximo

Instante,

Serei outra coisa.

Sem antes e

Nem depois,

Apenas meio.

Abro o olho

E me vejo do

Avesso.

Verso de vísceras.

Na vitrine do

Açougue da vida,

Exponho minhas partes.

Esquartejado a cada

Descompasso.

Quando penso que vou

Já estou vindo,

O instante é um silêncio

Que passa.

Nem um e nem outro,

Nenhum não me satisfaz.

A Ciclope Feminina,

Com sua fúria indomável,

Faz badalar meu espírito

Para desentranhar a carne

Emaranhada no corpo recipiente.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 10/01/2021
Código do texto: T7156664
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