Pêndulo
Rasgo e escorro,
Pendurado em
Um fio de carne.
Corro pelo veio
De sangue.
Antes do próximo
Instante,
Serei outra coisa.
Sem antes e
Nem depois,
Apenas meio.
Abro o olho
E me vejo do
Avesso.
Verso de vísceras.
Na vitrine do
Açougue da vida,
Exponho minhas partes.
Esquartejado a cada
Descompasso.
Quando penso que vou
Já estou vindo,
O instante é um silêncio
Que passa.
Nem um e nem outro,
Nenhum não me satisfaz.
A Ciclope Feminina,
Com sua fúria indomável,
Faz badalar meu espírito
Para desentranhar a carne
Emaranhada no corpo recipiente.