SILENCIOSO NADA
Abri a minha cabeça oceânica
E vi o imenso e silencioso Nada
Nada que me explicasse o medo
Da condenação da vida abreviada
Abri os olhos depois de um sono na madrugada
Vi vultos históricos e meretrizes desesperadas
Empregadas domésticas desempregadas
E um despotismo esclarecido em minha sala
Dentro da xícara de café cenas escatológicas
Eu bebia a nossa tragédia anunciada em Livros
E tossia todas as bélicas falanges lógicas
E escarrava todos os pecados e vícios.
Dentro do meu sono a tua realidade é utópica
Tu se veste de luxúria e de um doce desprezo
Pra brindar as jorradas lágrimas etílicas
Reprimidas, entorpecidas de desejos.