Solipso
O reino do eu
no centro do seu quadrado
de portas e janelas fechadas
ocupado consigo mesmo
na zona exclusiva de conforto.
Apaixonado
pelo espelho
e por Narciso.
Tudo é dele.
Acha que, tendo mais,
sempre pode e manda mais.
Sua visibilidade
é seu esplendor.
Precisa de súditos.
Só lhe interessam
seus hábitos,
seus apetites,
seus desejos.
Só vê pelos próprios olhos.
Só sente pelos seus sentimentos.
Sofre só com sua dor.
Só ele é a própria referência.
Tem horror
a um simples alfinete,
que faz murchar
a sua inflada onipotência.