Solipso

O reino do eu

no centro do seu quadrado

de portas e janelas fechadas

ocupado consigo mesmo

na zona exclusiva de conforto.

Apaixonado

pelo espelho

e por Narciso.

Tudo é dele.

Acha que, tendo mais,

sempre pode e manda mais.

Sua visibilidade

é seu esplendor.

Precisa de súditos.

Só lhe interessam

seus hábitos,

seus apetites,

seus desejos.

Só vê pelos próprios olhos.

Só sente pelos seus sentimentos.

Sofre só com sua dor.

Só ele é a própria referência.

Tem horror

a um simples alfinete,

que faz murchar

a sua inflada onipotência.

Lu Mendes
Enviado por Lu Mendes em 04/12/2020
Reeditado em 07/02/2021
Código do texto: T7127464
Classificação de conteúdo: seguro