Pesadelos
Pesadelos
As coisas que pensamos,
As discussões inventadas no chuveiro,
As lutas travadas em sonhos acordados.
A saudade que mata, machuca,
Nos tortura num dia de chuva.
Queremos uma fuga,
Nas horas de drama.
A verdade que vem a cavalo,
O inevitável que foge do meu controle.
O convite que eu jamais vou aceitar ou receber,
A imagem que vai gritar para mim,
O reflexo do susto,
Num holofote que brilha e não é sobre mim.
Num espírito infantil eu vejo meu desejo,
O inalcançável, inatingível,
Um sussurro durante a noite.
A verdade irrevogável que só o tempo irá trazer.
Uma vontade incrível de não ser, ver.
O amargor do futuro que não pode ser interrompido,
Nem mediante estampidos de um grito,
Num desejo cego de saber,
O horror em conhecer.
A verdade bruta em que o medo reside,
O tremor de um pânico que me assiste.
Me vê do outro lado da moeda,
Num suspiro ao fundo.
No pavor que vem do mundo,
O receio de te ver,
Com aquele ser imundo.
Eu quero sentir esse amargor,
Carregado de dor e amor,
Como um breve lampejo de dissabor.
No suor gelado que percorre a espinha,
Vou soltando a minha ladainha,
Rezando a todos os deuses,
Que carreguem a minha cruz de falso profeta,
Amaldiçoando essa língua que não presta.
Vai falando obscenidades,
Soltando o verbo carregado de vaidades,
Me guiando para uma Roma que só existe em lembranças que nunca tive.
Vai me largando, me soltando,
Me abandonando destes pesadelos,
Me livrando de todo mal.
Amém.